A implementação de tecnologias em cidades inteligentes pode apresentar vários desafios durante o processo de adoção e contratação pelas cidades. Aqui estão alguns dos principais problemas que podem surgir:
- Integração de sistemas: As cidades já possuem uma variedade de sistemas e infraestruturas existentes. Integrar novas tecnologias com os sistemas existentes pode ser complexo e exigir esforços significativos de coordenação entre diferentes departamentos e fornecedores.
- Falta de padronização: A falta de padronização na indústria de cidades inteligentes pode dificultar a escolha e a aquisição de tecnologias compatíveis. Cada fornecedor pode ter seus próprios padrões e protocolos, o que pode levar a problemas de interoperabilidade entre diferentes sistemas.
- Custos elevados: A aquisição e implantação de tecnologia para cidades inteligentes geralmente requer um investimento significativo. Os altos custos podem ser um obstáculo para as cidades, especialmente aquelas com recursos financeiros limitados.
- Privacidade e segurança: As cidades inteligentes coletam grandes quantidades de dados sobre os cidadãos, como informações de localização, dados pessoais e comportamentais. A proteção da privacidade e segurança desses dados é um desafio importante. Garantir a segurança cibernética dos sistemas também é crucial para evitar ataques e interrupções indesejadas.
- Resistência à mudança: A introdução de novas tecnologias muitas vezes enfrenta resistência de partes interessadas, como funcionários municipais, residentes e empresas locais. Algumas pessoas podem se preocupar com a perda de empregos, privacidade invadida ou simplesmente preferem métodos tradicionais de funcionamento.
- Capacitação e treinamento: A implementação de tecnologias requer habilidades técnicas e conhecimentos especializados para operar e manter os sistemas adequadamente. A falta de capacitação e treinamento adequados para funcionários municipais pode limitar a eficácia da tecnologia e levar a problemas de adoção.
- Exclusão digital: A implementação de tecnologias avançadas pode criar uma divisão digital, onde certos grupos ou áreas da cidade podem ficar excluídos do acesso ou benefícios dessas tecnologias. É importante garantir que todos os cidadãos tenham a oportunidade de se beneficiar da infraestrutura e serviços inteligentes.
Lidar com esses problemas requer uma abordagem cuidadosa, envolvendo a colaboração entre governos, empresas e comunidades para garantir uma implementação eficaz e inclusiva das tecnologias nas cidades inteligentes.
É interessante quando vamos realizar uma contratação na gestão pública enquanto estava vigente a Lei 8.666/93, geralmente os contratos poderiam durar entre 48 e 60 meses conforme a modalidade, ao realizar uma nova licitação a administração sempre corre risco de que os novos fornecedores ou os novos equipamentos sejam incompatíveis com os anteriores, exigindo novas implantações e até mesmo a substituição do de sistemas ou infraestruturas das soluções. (Os prazos de contratos na administração pública foram ampliados com a Lei 14.133/2021)
Imagine o cenário de uma licitação de 50 semáforos inteligentes, que tenham sensores que regulem as aberturas e fechamentos dos sinais baseados sensores que monitores os veículos nas ou pedestres nas faixas de segurança, tais semáforos podendo ainda serem programados a distância para questões de horário de pico ou para questões emergenciais.
Obviamente estes semáforos precisam ter sistemas e painéis de gerenciamento num centro de comando. Embora pareça absurdo pode ser bem difícil pela legislação brasileira manter o padrão de uma nova contratação e expansão de um sistema existente.
Agora vamos lembrar que vários outros dispositivos podem ser úteis na gestão de um trânsito inteligente, podemos ter contadores de veículos, sistemas de vídeo com leitores de placas, sensores de pesos para veículos de cargas, ou seja, podemos ter só na gestão de trânsito um emaranhado de soluções ofertadas por diferentes fornecedores e plataformas de comunicação e gerenciamento incompatíveis entre sí.
Depois de certo tempo buscando resolver essa questão de como manter a padronização e interoperabilidade das múltiplas soluções possíveis para uma cidade inteligentes no Brasil chegamos a Fiware.
A história pode até parecer engraçada, meu primeiro contato com o Fiware foi na SmartCiry Barcelona em 2021, lembrava de ter tirado uma foto em um estande muito legal que os “legos” de uma cidade em miniatura eram todos gerenciados numa mesma plataforma aberta.
O FIWARE é uma plataforma de software aberto e padrões abertos desenvolvida para facilitar o desenvolvimento de aplicações e serviços inteligentes em diversas áreas, como cidades inteligentes, indústria 4.0, agricultura de precisão e muito mais. A iniciativa FIWARE é apoiada pela Comissão Europeia e por um consórcio de empresas, universidades e organizações.
A plataforma FIWARE fornece um conjunto de componentes e ferramentas padronizados, que facilitam a integração e a interoperabilidade entre diferentes sistemas e dispositivos. Ela permite o acesso e o gerenciamento de grandes volumes de dados em tempo real, provenientes de diversas fontes, como sensores, dispositivos IoT, redes sociais e outras fontes de dados.
Alguns dos principais componentes da plataforma FIWARE incluem:
- FIWARE Context Broker: É um componente central que gerencia o contexto dos dados em tempo real, permitindo o armazenamento e o acesso eficiente aos dados gerados por diferentes fontes.
- FIWARE Data Models: São modelos de dados padronizados para representar diferentes tipos de informações e contextos. Eles facilitam a interoperabilidade entre os sistemas e a troca de dados.
- FIWARE NGSI API: É uma API (Interface de Programação de Aplicativos) baseada no protocolo NGSI (Next Generation Service Interface) que permite a comunicação entre os componentes da plataforma FIWARE e outras aplicações.
- FIWARE IoT Stack: É um conjunto de ferramentas e protocolos para desenvolvimento e gerenciamento de aplicações IoT (Internet das Coisas). Ele fornece recursos para coleta, processamento e visualização de dados de dispositivos IoT.
A plataforma FIWARE é baseada em padrões abertos, como OMA NGSI, JSON e RESTful, o que permite uma fácil integração com outras tecnologias e sistemas. Além disso, é possível estender e personalizar a plataforma por meio de componentes adicionais e interfaces de programação.
A adoção da plataforma FIWARE facilita o desenvolvimento rápido e econômico de soluções inteligentes, promovendo a interoperabilidade e a reutilização de recursos. Ela estimula a criação de ecossistemas de inovação, permitindo a colaboração entre diferentes partes interessadas para impulsionar o progresso das cidades inteligentes e de outras áreas de aplicação.
Vamos falar um pouco mais dela durante as postagens em nosso blog.
Autor: Gilsoni Lunardi Albino com apoio da ChatGPT.
Florianópolis, 18/06/2023.